quarta-feira, 13 de junho de 2018

LIDERANÇA E HUMILDADE


Liderança e Humildade

Nas definições que encontramos, nos mais conhecidos manuais, é comum encontrarmos as expressões: — “ser aceito e respeitado pelo grupo” – “capacidade de unir e manter em harmonia o grupo” – “manter um bom relacionamento com o grupo” – “Identificação com o grupo” – “levar o grupo à conquista dos objetivos” – “influenciar” – “inspirar confiança”, etc. Portanto, pode ser definida, de forma resumida, como sendo aquela qualidade em um homem, que inspira confiança suficiente a seus comandados de modo a aceitarem suas ideias e obedecerem ao seu comando.
Por outro lado, há a liderança cristã, objeto de análise neste artigo, que pode ser definido como “uma vocação em que há uma perfeita mistura de qualidades humanas e divinas, ou um trabalho harmonioso entre o homem e Deus destinado ao ministério e bênçãos das demais pessoas — e a sua Igreja”.
Observamos que, a maioria dos estudiosos do assunto concorda que o atributo básico da liderança é a capacidade de influenciar seus liderados em humildade. Esse talvez seja o fator que determina o sucesso ou o fracasso de um líder. Encontramos diversos exemplos positivos e negativos de líderes na Escritura, por exemplo, um líder com exemplos positivos, Gaio – o líder fiel e amoroso — Gaio foi um líder qualificado como fiel e amoroso. O apóstolo o admirou porque viveu a verdade do Evangelho e liderou por meio de seu exemplo. Seu testemunho pessoal ao acolher os mestres cristãos itinerantes era prova do seu valoroso caráter cristão e observamos pelo exemplo de Gaio uma das muitas maneiras que podemos contribuir à obra de Deus: — além de juntar os nossos recursos financeiros com os de outros cristãos para fazer o trabalho de uma Igreja local (cf. 1 Coríntios 16:1, 2; Filipenses 4:14 – 18), podemos usar nosso dinheiro, nossas casas e outros recursos materiais para apoiar servos fiéis que pregam o Evangelho. Foi assim que Gaio agia (isto exige humildade); e um líder com exemplos negativos, como Diótrefes – o líder infiel e orgulhoso; João agora move seu argumento expondo a Gaio a parte mais incômoda da sua carta, o péssimo exemplo de Diótrefes e suas motivações malignas que estavam influenciando negativamente o rebanho. Não sabemos se Gaio pertencia à mesma Igreja local de Diótrefes, ou se pertencia a outra Igreja doméstica próxima, ou ainda a uma Igreja rural que era extensão da mesma Igreja, mas certamente eles se conheciam. Talvez seja melhor entender que pertenciam à mesma Igreja (cf. o termo singular “à Igreja”) ou grupo local de crentes e o objetivo de João é informar a todos sobre o que estava realmente acontecendo (3 João 9). Havia três problemas na conduta de Diótrefes que indicavam seu desastroso comportamento como líder cristão: — seu desejo de primazia, sua insubmissão para com uma autoridade apostólica e a ausência de piedade e amor fraternal. 
A partir daí começam as divergências de opiniões sobre como liderar e que tipo de influência deve ser exercida (obviamente o exemplo “modelar” de Gaio – Servo fiel e bom — cf. Mateus 24:45 – 51). No caso do cristianismo tem-se um objetivo distinto e um método próprio para se exercer a liderança, o que será apresentado a seguir.
Na liderança cristã é preciso definir qual é o objetivo e o método a ser seguido pelos líderes cristãos, e este padrão encontra-se na própria Bíblia. No texto de Efésios 4:11 – 16, o apóstolo Paulo fala acerca de Jesus, afirma que: — “Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos […] para a edificação […] até que cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus […] à medida da plenitude de Cristo”, ou seja, afirma que o ministério cristão foi concedido para que a Igreja tivesse gradual crescimento espiritual até que se alcançasse a imagem de Cristo que uma vez foi implantada em nós por ocasião do novo nascimento – obra de Redenção. Uma das finalidades desse crescimento é: — “[…] para que não sejamos mais como meninos agitados de um lado para outro e levados por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens e pela astúcia com quem induzem ao erro”, e o resultado disso é que: — “[…] todo corpo bem ajustado e consolidado […] efetua o seu próprio aumento para edificação de si mesmo em amor”.

2 – Aprovação de um líder.

Na maioria das vezes pensamos que, pelo fato de termos nascido de novo, e possuirmos o Espírito Santo, e conhecermos a base da doutrina cristã, já estamos capacitados a exercer funções mais complexas no reino de Deus; porém, a Bíblia mostra de uma maneira muito sutil que os grandes líderes tiveram que passar por um período ou por algum evento pelo qual foram provados e aprovados para determinadas obras. É o que sugere 2 Timóteo 2:15. O exemplo de Davi também é muito significativo. Todos nós conhecemos o grande feito de Davi ao derrotar o gigante Golias e que se tornou um marco na sua vida como ungido de Deus, porém o próprio Davi tinha confiança nessa vitória por provações diversas, pois como ele mesmo expressa em 1 Samuel 17:34 – 36 dizendo: — “[…] Teu servo apascentava as ovelhas de seu pai; e vinha um leão ou um urso e tomava uma ovelha do rebanho, e eu saía após ele, e o feria, e a livrava da sua boca; e, levantando-se ele contra mim, lançava-lhe mão da barba, e o feria, e o matava. Assim, feria o teu servo o leão como o urso […]”. O que não entendemos muitas vezes é que Deus vai nos provar até que nos tornemos suficientemente preparados para determinada obra (mesmo que muitas dessas provações, não sejam percebidas por nós mesmos). Em 2 Timóteo 2:20, 21 o apóstolo diz que: — “[…] numa grande casa não há somente utensílios de ouro e de prata, há também de madeira e de barro. Alguns para honra, outros, porém, para desonra. Assim se alguém a si mesmo se purificar […] será utensílio para honra […] estando reparado para toda boa obra”. Em Romanos 9:21 o apóstolo também diz que: — “[…] não tem o oleiro direito sobre a massa para do mesmo barro fazer um vaso de honra e outro para desonra”. O problema é que o Oleiro, para transformar alguém em vasos de honra precisa quebrá-lo para retirar dele as impurezas contidas no barro e refazê-lo para que esteja pronto para ser cozido no fogo sem quebrar, ou seja, o Senhor precisa constantemente quebrar-nos para retirar de nós as coisas que não o agrada e que futuramente seriam determinantes para o nosso fracasso, e isto, ocorre somente nos seus eleitos – pois eles temem ao seu Deus, e de maneira alguma, usarão de sua posição, para usurpar uma glória que não lhe pertence –, mas, somente a Deus – Soli Deo Gloria. Só assim poderemos suportar o fogo da provação, tendo Deus conosco – Emanuel (cf. Filipenses 1:6).

3 – Modelo de liderança cristã.

É o tipo de líder que se espelha em Cristo e em seus ministros, procurando um padrão de conduta para exercer o ministério. É o líder que procura ganhar a confiança de seus liderados atendendo aos requisitos bíblicos sem desmerecer sua responsabilidade, sabendo aproveitar a capacidade dos outros e acima de tudo se entrega com amor e zelo ao seu ministério. O líder cristão não segue os padrões e estilos de liderança do mundo. São humildes, mas não enfraquecidos; dependentes de Deus, mas não sem iniciativa; ousados, mas em moderação; confiantes, sem perder a perspectiva; se precaver de seus liderados, mas sem perder a confiança neles; enfim, não se baseia em suas experiências de liderança, mas tem a direção do Senhor, falando pelo seu Espírito pela Palavra.

3 – Preocupações iniciais do líder cristão.

Para exercer uma boa liderança o obreiro deve pensar e preparar o terreno para que o seu ministério frutifique (esta é uma das características dos servos do Senhor – bons frutos e dignos de arrependimento – cf. Mateus 3:8; Mateus 7:15 – 20). Alguns conselhos são válidos nessa hora para que o líder não se […] “envolva nos negócios dessa vida, porque seu objetivo é satisfazer aquele que o arregimentou”. Devemos entender, obviamente, que os negócios dessa vida são nossas obrigações como cidadãos, assim, podemos aplicar esse versículo ao embaraço que certas armadilhas nos causam. As diversas provações podem vir de quatro fontes diferentes, e identificar a origem delas é de suma importância para a resolução e posterior prevenção dos problemas. São estas as fontes:

[a] – O próprio Senhor.

Como no caso de Abrão (Gênesis 22:1 – 19), a nação de Israel (Habacuque), a Igreja (1 Pedro 4:12 – 19) e tantos outros exemplos, o próprio Deus criou situações para que seu servo fosse provado e a partir daí aprovado por Ele. Nesse caso o que temos que fazer é exercitar nossa fé e confiar que aquele que criou tal situação tem um propósito bom para nós através da provação.

[b] – O diabo.

Em qualquer ocasião o diabo vai tentar manifestar o que lhe é mais característico – o ódio contra a criação de Deus e a sua maior arma –, “o engano”. Caso percebamos a ação maligna, devemos recorrer ao conselho de Paulo aos efésios: — “[…] revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo”; sabendo, porém que a ação do inimigo só pode chegar até onde o Senhor permitir (Jó 1:6 – 12; 2:1 – 13).

[c] – O homem.

É um caso semelhante ao do diabo, onde as pessoas podem manifestar seu egoísmo, cobiça e maledicência, coisas típicas do coração humano (Mateus 15:10 – 20). Também nesse caso os limites da ação do homem são determinados pelo Senhor.

[d] – A carne.

Existe também uma luta contra nós mesmos, ou seja, contra a natureza carnal que ainda habita em nós e milita contra o espírito regenerado que Deus nos deu (Gálatas 5:16 – 17). Neste caso nos cabe dominar nossas paixões e submeter nossa vontade carnal ao propósito do Espírito que habita em nós.
Cientes dessas armadilhas que podem ser colocadas em nosso caminho, às vezes com bons e às vezes com maus propósitos, devemos de antemão pensar em certas coisas, como por exemplo:

[a] – Pensar antes nos problemas.

Não devemos esperar uma situação de perigo, tentação, falta de provisões, confusão, perseguição, traição e coisas do gênero, para pensarmos numa solução. O correto é que meditemos constantemente como sair de uma possível situação (Salmos 119:15, 27, 48, 78, 99, 148). Se estivermos preparados com antecedência, saberemos como agir. Se formos apanhados de surpresa podemos fraquejar (cf. Mateus 26:41). Jesus é o grande ensinador, a mente Mestre de toda a humildade, pois Ele é a verdade, o caminho e a vida, tudo o que a humanidade necessita, não é uma escolha, e verdade que liberta-nos, o caminho com destino certo, não duvidoso (pois, ninguém fica em paz quando se perde de um caminho), e a vida com plenitude e sem sofrimentos – a vida eterna – cf. João 14:6. Veja o Senhor tomando uma toalha e secando os pés de seus discípulos! Seguidor de Jesus, líder cristão, você tem se humilhado assim? Contemple-o como o Servo dos servos e, com certeza, você não será orgulhoso. A afirmativa “a si mesmo se humilhou” nos oferece um sumário da vida de Jesus na terra – Doutrina “kenótica” [1]. Inicialmente, Ele se despiu da veste de honra e, depois, de outras vestes, até que, em nudez, foi pregado na cruz.
[1] – “Kenosis (ekénose, ekenõsen) é um conceito na Teologia cristã que trata do esvaziamento da vontade própria de uma pessoa e a aceitação do desejo divino de Deus. É encontrado no Novo Testamento como o esvaziamento de Jesus”.
Ali, Ele esvaziou o seu homem mais íntimo, derramando o seu sangue de vida, dando-se a si mesmo por nós. Por fim, eles o colocaram em um sepulcro emprestado.

A que condição tão humilde nosso querido Redentor foi trazido! Como, então, podemos nós ser orgulhosos?

CONCLUSÃO

Coloque-se ao pé da cruz e conte as gotas de sangue por meio das quais você foi purificado. Veja a coroa de espinhos e os ombros de nosso Senhor ainda feridos e jorrando o fluxo vermelho de seu sangue. Contemple as mãos e os pés de nosso Senhor cravados pelo ferro áspero, bem como todo o seu ser desprezado e escarnecido.
Veja a angústia, o sofrimento e as dores intensas da agonia íntima do Senhor revelando-se em sua aparência exterior. Ouça o deprimente clamor: — “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mateus 27:46). Se você não está humilhado na presença de Jesus, ainda não o conhece. Você estava tão perdido, que nada poderia salvá-lo, exceto o sacrifício do unigênito Filho de Deus. Visto que Jesus se humilhou por causa de você, prostre-se em humildade aos pés dEle.
Uma compreensão do admirável amor de Cristo possui mais tendência de humilhar-nos do que a compreensão de nossa própria culpa. O orgulho não pode subsistir debaixo da cruz. Assentemo-nos ali e aprendamos nossa lição. Depois, levantemo-nos e a coloquemos em prática.

“A si mesmo se humilhou” – Filipenses 2:8.

Conselhos aos líderes — Pensamentos de Santo Agostinho acerca de humildade:

1 – “Quanto mais o homem se humilha, mais Deus se acerca, descendo até ele. Posto que o homem caiu por orgulho, (Deus) recorreu à humildade para o curar”.

2 – “A inveja é filha e escrava do orgulho. Por esses dois vícios, orgulho e inveja, o demônio é o que é”.

3 – “O princípio de nossa purificação é a humilde confissão de nossos pecados. É melhor um pecador humilde que um beato orgulhoso”.
4 – “Observa a árvore. A fim de crescer para cima, primeiro cresce para baixo. Primeiro finca sua raiz na humildade da terra para depois lançar seus galhos ao alto céu”.
5 – “A humildade deve ser proporcional à grandeza. Quanto mais alto alguém se encontra, tanto mais pode ser fatal sua queda”.

6 – “Tão má é a soberba que converteu o anjo em demônio”.
7 – “Que cada um aprenda humildemente de outra pessoa o que deve aprender. E o que ensina, a outros, que comunique a seus discípulos o que recebeu, sem orgulho nem inveja”.
8 – “O homem que aspira a dominar os que por natureza lhe são semelhantes, isto é, a outros homens, é dominado por orgulho intolerável”.
9 – “Se pões tua esperança em outro homem, és falsamente humilde. Se a pões em ti mesmo, és refinadamente soberbo. Os falsamente humildes não se levantam. Os refinadamente soberbos caem”.
10 – “Eis a grande ciência do cristão: — conhecer que nada é e nada pode! O reconhecimento da própria ignorância é a primeira prova de inteligência”.
11 – “Sê humilde diante de Deus para que não permita sejas tentado além das tuas forças. Aceita tua imperfeição. É o primeiro passo para alcançares tua perfeição”.
12 – “A soberba exila o homem de si mesmo; a humildade o devolve à sua intimidade. Há os que à custa de alardear a própria inteligência, só conseguem pôr em evidência a própria estupidez”.

Paz e graça.

[1] – Bíblia Sagrada – AA, NVI e CF.
[2] – Agostinho de Hipona.
[3] – Verdadeira Humildade! – Charles Haddon Spurgeon – postado por Josemar Bessa — Devocional.
[4] –  Raul Branco, Os Ensinamentos de Jesus e a Tradição Cristã – as Chaves que Abrem o Reino dos Céus na Terra.

FONTE: http://blog.exitonapalavra.com.br/lideranca-e-humildade/?utm_campaign=artigo_blog_-_humildade&utm_medium=email&utm_source=RD+Station
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