sábado, 4 de julho de 2015

Lula diz que violência não se resolve "colocando jovens na cadeia"


Em discurso no interior de São Paulo, ex-presidente falou sobre a redução da maioridade penal, o governo de Dilma Rousseff e o escândalo na Petrobras.


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a iniciativa da Câmara dos Deputados de aprovar a redução da maioridade penal para crimes graves, como homicídio e estupro, durante a semana. Ele acredita que a medida joga "nas costas de meninos de 16 anos a responsabilidade do que os governos não fazem".
Vestindo um macacão laranja idêntico aos dos sindicalistas, com o nome "Lula" escrito em branco, o ex-presidente fez um longo discurso enquanto participava da plenária nacional da Federação Única dos Petroleiros (FUP) nesta sexta-feira (3), em Guararema, interior de SP.
"Será que o Estado brasileiro cumpriu com suas obrigações com os jovens de 16 anos? Será que oferecemos a educação necessária? Será que oferecemos oportunidades para esses jovens terem opção?", disse Lula. “O Estado que não cumpriu com suas obrigações resolve acabar com a violência colocando moleque na cadeia."
Ele reconheceu, porém, que sua opinião é diferente de boa parte da população. “Eu sei que é um tema que, se for para plebiscito, possivelmente ganha, assim como a pena de morte”, afirmou, de acordo com o portal G1. "Mas o que essa meninada está precisando é de oportunidade, não de cadeia."
Na madrugada de quinta-feira (2), a Câmara aprovou, em primeiro turno, a Proposta de Emenda Constitucional que reduz de 18 para 16 anos a maioridade penal nos casos de crimes hediondos, latrocínio, homicídio doloso e lesão corporal seguida de morte. A proposta precisa passar por mais um turno na Câmara para seguir ao Senado.
"Conversar com o povo"

No discurso, o ex-presidente reconheceu ainda o momento díficilque vive o país. Segundo ele, "não há outra alternativa a não ser encostar a cabeça no ombro do povo e conversar. Explicar quais são as dificuldades e quais são as perspectivas". Lula acredita que a presidente Dilma Roussef precisa colocar "o pé na estrada".
"Tem que fazer o que tiver para fazer em Brasília e pé na estrada", afirmou, segundo a Folha de S. Paulo. "Dilma é boa de papo. Tem que abraçar, sentir... é isso que dá oxigênio. Não dá para ficar em Brasília esperando. Tem que andar agora. Pegar os ministros e colocar todo mundo para fazer política na estrada, defendendo o governo."
O ex-presidente classificou ainda como "irresponsáveis" aqueles que colocam toda a culpa do atual cenário econômico a Dilma. Para ele, há uma tentativa de "criminalizar o PT e a esquerda", num momento em que o "mau humor está espalhado por esse país". Lula criticou a "agressão" que, segundo ele, a presidente vem sofrendo.
“Eu achei que o problema era comigo, por eu ser nordestino e não ter diploma universitário, mas nunca vi tanta agressão quanto a companheira tem sofrido”, disse. “Em 2003, não sei quantos de vocês me xingaram, mas, naquele tempo, a internet não tinha tanta força. Então, me xingaram em silêncio."
Petrobras

O petista também não deixou de falar sobre a Petrobras, enaltecendo suas conquistas. “Tenho muito orgulho da empresa, que representa praticamente quase 13% do PIB”, afirmou. Sobre o escândalo de corrupção na estatal, Lula disse que, “se alguém de dentro da Petrobras ou de fora fez alguma sacanagem ou roubou, essa pessoa que pague”.
FONTE: http://epoca.globo.com/tempo/filtro/noticia/2015/07/lula-diz-que-reduzir-maioridade-e-jogar-nas-costas-do-jovem-o-que-o-governo-nao-faz.html



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